
Fetichismo Sexual – Notas sobre a lógica de feminilidade e masculinidade- Robert Kurz
O sujeito moderno, como é sabido, está tão morto pelo menos como Deus, mas ainda parece viver uma existência zombie, tão irreal como triste e mecânica. Pois afinal também ele faz parte, naturalmente, da constituição vudu da sociedade fetichista ocidental e da sua razão iluminista. E em lado nenhum esse carácter patético do sujeito ilusório há muito falecido parece tornar-se mais evidente do que no debate de género. Esta problemática, talvez a que mais profundamente chegou ao fundo da sua própria constituição, ainda menos pode ser debatida até ao fim pelo pensamento cansado da razão morta-viva do que todas as outras questões da desintegração da modernidade. Os combatentes de ambos os lados de um sexo que se tornou irreal retiraram-se, ao que parece, para o terreno de uma normalidade burguesa que já não é vivida (se este particípio ainda é permitido) como susceptível de ser transcendida. Sobre este terreno infelizmente já bastante devastado e contaminado, estão agora a tentar colocar as suas reivindicações em jogo, continuando a raciocinar como habitualmente, mas com um grau de indiferença que deve aproximar-se da sua condição real. Continuar lendo Fetichismo Sexual – Notas sobre a lógica de feminilidade e masculinidade- Robert Kurz