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O paradoxo da globalização I- André Márcio Neves Soares

A globalização, como paradigma final da humanidade, tinha por fim tornar a sociedade humana uma só, derrubando fronteiras. Esse sonho (talvez o termo mais propício seja devaneio), acalentado especialmente pelas forças mais poderosas do grande capital transnacional, atraiu esforços, nos últimos 50 anos, no sentido de acelerar o processo de mundialização capitalista. De fato, estamos reunidos numa espécie de aldeia global como jamais estivemos antes. Dos confins mais remotos do polo norte às estações de pesquisa e vigilância na parte mais extrema do polo sul não faltam as comunicações de controle e vigilância dos países que operam essas empreitadas. E, no entanto, a sensação que tenho, e que é compartilhada por muitas pessoas que conheço, além de corroborada com as notícias que nos infestam diariamente, é de que o mundo nunca esteve tão dividido. Para ser sincero, salvo a globalização dos mercados financeiros de dinheiro fictício, a realidade do planeta Terra nunca esteve tão calamitosa. Continuar lendo O paradoxo da globalização I- André Márcio Neves Soares

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O crescimento e a crise da economia brasileira no século XXI como crise da sociedade do trabalho: bolha das commodities, capital fictício e crítica do valor-dissociação – Fábio Pitta

Bolsonaro é fruto de seu tempo. Representa a particularidade brasileira para um fenômeno de ascensão de governos de extrema-direita no mundo (SCHOLZ, 2020). Em termos ideológicos, formulou um discurso que relaciona a atual crise econômica brasileira à esquerda composta por “vagabundos corruptos” no poder, que deveriam ser exterminados a partir de agora, já que desejariam “implantar uma ditadura comunista no Brasil”, nada menos plausível depois de 13 anos de Partido dos Trabalhadores no governo federal, sem terem tentado realizar nada perto disto. Desde sua ascensão, Bolsonaro tem promovido reformas que visam acabar com as tentativas de gestão da barbárie (MENEGAT, 2019a) dos governos anteriores, encerrando programas de distribuição de capital fictício possíveis no ápice da bolha das commodities (2002 – 2011, PITTA, 2018), fomentando a expansão da fronteira agrícola sobre o que restou de florestas e reservas indígenas, desmontando a parca seguridade social e leis trabalhistas existentes no Brasil contemporâneo. Sua agenda econômica é qualificada de “ultraliberal”, porém, não exprime nenhum discurso de “retomada” de crescimento econômico, explicitando que até mesmo a extrema-direita parece não acreditar mais nesta possibilidade. Assim, ao nível ideológico, Bolsonaro sintetiza o homem branco ocidental em crise pós estouro da bolha econômica global de 2008: ressentido, conspiratório, narcisista, parte de uma camada média com tendências a amoque social. Após a posse de Bolsonaro, as estatísticas quanto ao número de feminicídios (na maioria das vezes perpetrados pelos próprios maridos ou familiares das vítimas), de assassinatos de grupos excluídos como indígenas, negros favelizados ou encarcerados (pela polícia e grupos de extermínio), de desmatamento criminoso e de suicídios no Brasil dispararam configurando números trágicos (BRUM, 2020). Continuar lendo O crescimento e a crise da economia brasileira no século XXI como crise da sociedade do trabalho: bolha das commodities, capital fictício e crítica do valor-dissociação – Fábio Pitta

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História e Desamparo: Mobilização de Massas e Formas Contemporâneas de Anti-Capitalismo – Moishe Postone

 O colapso do Fordismo significou o fim da fase de desenvolvimento à escala nacional assente na direcção do estado – quer na base do modelo comunista, do modelo social-democrata ou do modelo de desenvolvimento estatista do Terceiro Mundo. Isto colocou enormes dificuldades a muitos países e imensas dificuldades conceptuais para todos aqueles que encaravam o estado como um agente positivo promotor da mudança e do desenvolvimento. Continuar lendo História e Desamparo: Mobilização de Massas e Formas Contemporâneas de Anti-Capitalismo – Moishe Postone

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O médio oriente e a síndrome do anti-semitismo – Robert Kurz

Certamente também ao estado de Israel, que é evidentemente parte integrante da economia mundial capitalista, podem ser atribuídos, dada a sua forma, todos os atributos negativos da estatalidade moderna e do moderno sistema produtor de mercadorias. Mas, devido ao seu carácter singular, já que constitui em última instância um produto involuntário dos nazis e da lógica de aniquilação da subjectividade capitalista na sua extrema agudização, este estado é o primeiro, o último e o único a conter um momento decisivo de justificação, que aliás faltou desde o início a todos os estados revolucionários nacionais do Terceiro Mundo (os quais, afinal, todos começaram muito rapidamente a assumir expressões bem feias). Trata-se de um estado capitalista que é expressão da forma de sujeito capitalista, mas que, simultaneamente e numa articulação paradoxal, representa a necessidade e a legítima defesa extremas contra essa mesma forma de sujeito. Continuar lendo O médio oriente e a síndrome do anti-semitismo – Robert Kurz

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