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Robert Kurz e Roswitha Scholz: relendo Marx contra os marxistas – Christophe Gueugneau

Desde o final dos anos 1980, na Alemanha, uma corrente teórica voltou às fontes de O Capital de Marx para extrair dele um novo quadro para a leitura do capitalismo: a crítica da dissociação-valor. Desafiando o marxismo tradicional e o pós-modernismo. Continuar lendo Robert Kurz e Roswitha Scholz: relendo Marx contra os marxistas – Christophe Gueugneau

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Alternativas ao capitalismo – Em teste: Movimento pós-crescimento, commons e a questão da “síntese social” – Thomas Meyer

Quanto mais a crise avança, menos a esquerda parece ser capaz (devido a recalcamento, negação ou apego a identidades anacrónicas etc.) de se aperceber do limite interno do capital e do alcance da crise que se tem vindo a intensificar desde 2008. É grotesco que haja agora uma verdadeira enchente de livros sobre “interpretações da crise” burguesas, com as correspondentes “estratégias de lidar com a crise” desesperadas, sobre as quais a esquerda tem pouco a dizer e a que alguns esquerdistas provavelmente nada conseguiriam contrapor. Hoje é mais importante do que nunca formular e abordar a emancipação social contra as categorias reais do sistema capitalista. Os protestos sociais existentes têm de ser postos frente ao espelho para “cantar-lhes a sua própria melodia” (Marx 1958, 381). Para isso é preciso alargar os limites desses protestos na forma da mercadoria e na forma da dissociação, e demonstrar a necessidade de exigir a satisfação das necessidades sociais e materiais contra a sua “financiabilidade”.

No caso de protestos contra a “loucura das rendas” ou contra o “estado de necessidade dos cuidados”, é natural demonstrar solidariedade, embora isto não exclua penetrá-los em termos de crítica da ideologia e negar-lhes qualquer solidariedade, se eles se virarem, por exemplo, para culpar Bill Gates ou “os Rothschilds” pelas catástrofes sociais. Noutros casos, a solidariedade é à partida muito mais difícil: por exemplo, as exigências de poder reproduzir-se (mantendo-se ou melhorando) sob a forma capitalista podem ter consequências problemáticas quando os trabalhadores protestam contra o encerramento de uma fábrica de automóveis, ou quando os sindicatos se pronunciam a favor da destruição ambiental, porque isso prometeria ou garantiria “postos de trabalho”. O debate formulado nos últimos anos para levar novamente a sério os interesses da “classe trabalhadora” no quadro de uma “nova política de classe” (cf. Scholz 2020; cf. também Meyer 2019) é assim à partida inconsistente quando ao mesmo tempo se pretende criticar a destruição ambiental.
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Dominação sem sujeito – Robert Kurz

A redução da história humana a uma luta infinita por “interesses” e “vantagens”, travada por sujeitos imbuídos de um árido egoísmo utilitário, (l) simplesmente abrevia ou distorce muitos dos fenômenos reais para que possa pleitear um decisivo valor explicativo. A idéia de que tudo o que não se resolve no cálculo utilitário subjetivo é mera roupagem de “interesses” sob formas religiosas ou ideológicas, instituições ou tradições, torna-se ridícula quando o gasto real com essa pretensa roupagem supera em muito o núcleo substancial do suposto egoísmo. Muitas vezes se tem antes de dizer o contrário: que os pontos de vista do egoísmo, se é que podem ser reconhecidos, representam uma mera roupagem ou uma mera exterioridade de “algo diverso” que se manifesta nas instituições e tradições sociais. Continuar lendo Dominação sem sujeito – Robert Kurz

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Canhões e Capitalismo – Robert Kurz

O que era afinal, num passado relativamente distante, o novo, que na sequência engendrou de forma inevitável a história da modernização? Pode-se conceder plenamente ao materialismo histórico que a maior e principal relevância não coube à simples mudança de idéias e mentalidades, mas ao desenvolvimento no plano dos fatos materiais concretos. Não foi porém a força produtiva, mas pelo contrário uma retumbante força destrutiva que abriu caminho à modernização, a saber, a invenção das armas de fogo. Embora essa correlação há muito seja conhecida, nas mais célebres e consequentes teorias da modernização (inclusive o marxismo), sempre lhe foi dada pouca importância. Continuar lendo Canhões e Capitalismo – Robert Kurz

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