
Emancipação na crise – Tomasz Konicz
Desde o iluminismo, o núcleo da ideologia capitalista tem sido ideologizar o capitalismo como um modo de produção “natural”, sem contradições e apropriado à natureza humana, como uma formação social que é simplesmente expressão da natureza humana e – o mais tardar desde a ascensão do darwinismo social – que se desenvolve economicamente de acordo com as mesmas leis que os sistemas ecológicos “naturais”. Consequentemente, esta “natureza capitalista” sintética da dominação sem sujeito do capital,15 com os seus níveis mediadores de mercado, política, justiça, indústria cultural etc., é sempre apenas a base, nunca o objecto do discurso publicado das sociedades capitalistas tardias. E é precisamente por isso que a procura de bodes expiatórios, que rapidamente se desvia para o fascismo, ganha tanta popularidade em tempos de crise,16 uma vez que a economia de mercado “natural” é literalmente imaginada como natural, potencialmente sem contradição. Assim, para a pessoa “esclarecida” na sociedade burguesa, o capitalismo parece tão “natural” como o feudalismo parecia dado por Deus ao homem medieval. Continuar lendo Emancipação na crise – Tomasz Konicz