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China: Múltiplas crises em vez de hegemonia- Tomasz Konicz

Até o final de 2021, segundo o Financial Times, a China investira o equivalente a US$ 838 bilhões nesse ambicioso programa de desenvolvimento que a tornou “o maior credor bilateral do mundo”. Essa posição de destaque aplica-se especialmente à periferia do sistema mundial, já que Pequim fez mais empréstimos aos 74 países qualificados pelo Banco Mundial como países de baixa renda do que todos os demais “credores bilaterais” juntos. A Iniciativa “Belt and Road”, como é conhecida em inglês a estratégia de investimento da “Nova Rota da Seda”, não é apenas o maior empreendimento de política externa da República Popular desde sua fundação em 1949, mas também o “maior programa de infraestrutura transnacional” já realizado por um único país. Mesmo o Plano Marshall, que hoje custaria cerca de 100 bilhões de dólares, desvanece considerando as dimensões da “Nova Rota da Seda”. Continuar lendo China: Múltiplas crises em vez de hegemonia- Tomasz Konicz

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Debate livre para cidadãos livres? Thomas Meyer

O vazio e a falta de sentido do monstruoso fim-em-si capitalista (D-M-D’) encontra expressão no vazio e na inconsistência das posições com carga identitária (‘caminho livre para cidadãos livres’ ou similares). Precisamente quando as identidades caem em crise porque os seus fundamentos sociais se rompem é que são defendidas de forma ainda mais feroz. A sua decadência ou obsolescência é atribuída a uma ‘ameaça externa’ (de esquerdistas, políticos, migrantes, feministas, ‘lobby gay’ etc.). A insistência na correcção formal de uma discussão ‘livre de dominação’ acaba por levar a que o que pode ser pronunciado ‘livre de dominação’ e ‘democrático’ – o que deve ser considerado ‘normal’ – seja deslocado mais para a direita. Isto não torna errada toda a crítica burguesa da cultura do cancelamento (como quaisquer purgas disparatadas de artefactos históricos ou preocupadas ‘tempestades de merda’ em vez de discussão), mas ela teria de crescer para além da sua tacanhez burguesa, se quisesse dar uma contribuição para a crítica da ideologia, contra a brutalização geral. No entanto, a crítica burguesa da cultura do cancelamento, com o seu liberalismo idealizado e a sua adesão à metafísica real capitalista (por vezes resumida como ‘senso comum’), torna-a mais compatível com posições de direita ou, como se diz no jargão popular, com elas conectável. Assim não é por acaso que alguns autores da Novo também escrevem para revistas como Achse des Guten ou Eigentümlich frei. De facto, o foco da crítica burguesa da cultura do cancelamento não é a crítica da cultura do cancelamento de direita: pense-se na “masculinidade política” (28), que se mobiliza agressivamente pelo patriarcado, e na agitação contra as Sextas-feiras pelo futuro. (29) A proibição dos estudos de género na Hungria ao que parece não contou como cultura do cancelamento para os críticos liberais/conservadores e de direita. (30) Pelo contrário, os estudos de género são considerados por muitos uma pseudociência que deveria ser abolida! Continuar lendo Debate livre para cidadãos livres? Thomas Meyer

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A atual angústia do capitalismo – André Márcio Neves Soares

Nesse ponto, a real angústia do capital está em que condições chegará ao final dessa mutação. Se conseguir manter um exército de alienados-zumbis suficiente para consumir os recursos terrestres – seja de maneira mais acelerada em momentos de guerra, seja de forma mais cadenciada em tempos de puro espetáculo – sem interromper as cadeias de transformação do ser humano no estágio mais próximo possível do “homo deus”, então o capitalismo terá realizado a profecia do homem-máquina lá atrás de Marx. Se não conseguir manter estruturada minimamente uma sociedade dividida (cada vez mais feroz) em classes bem antagônicas, quanto ao resultado final dessa expropriação e apropriação do capital, porém homogêneas na sua alienação do prazer instantâneo de produzir e consumir bens descartáveis, aí o sistema (re)produtor de mercadorias infinitas corre o risco de, por assim dizer, chegar a um vale-tudo, um salve-se-quem-puder, que poria em risco o projeto de vida intergaláctico daqueles que realmente importam para ele: os donos do poder.  Continuar lendo A atual angústia do capitalismo – André Márcio Neves Soares

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Robert Kurz e Roswitha Scholz: relendo Marx contra os marxistas – Christophe Gueugneau

Desde o final dos anos 1980, na Alemanha, uma corrente teórica voltou às fontes de O Capital de Marx para extrair dele um novo quadro para a leitura do capitalismo: a crítica da dissociação-valor. Desafiando o marxismo tradicional e o pós-modernismo. Continuar lendo Robert Kurz e Roswitha Scholz: relendo Marx contra os marxistas – Christophe Gueugneau

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