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Impeachment da Política  – pronunciamento do Crítica Radical de Fortaleza perante à grave crise que vive o país !

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 10 leitura mínima

IMPEACHMENT DA POLÍTICA

Em seu lugar espaços emancipatórios de uma vida muito melhor do que no capitalismo!

IMPEACHMENT DA POLÍTICA!

Manifestações com milhares e milhões de pessoas ecoam pelo Brasil. São contra ou a favor do governo.

Em torno dessas ideias giram a direita, o centro e a esquerda. Eles ensaiam uma guerra. Com ela pretendem conquistar ou manter o poder, o aparelho de Estado.

Mas através do Estado será mantido o capitalismo. Com eles estará assegurada a ruína para quem está ou vai tomar o poder. Afinal, o Estado se transformou na administração da barbárie. Ela vinha se desenhando através das iniciativas reformistas e ou revolucionárias. Resultado: virou uma insanidade a forma como infelizmente se desenrola a quase totalidade da nossa vida.

A intolerância e a forma excludente como lutam os manifestantes vêm escondendo até aqui a questão fundamental que é comum a todos eles: a intransigência para manter o papel da política, seus partidos e seu sistema. Lamentavelmente, só olham para o dedo do poeta que aponta para os limites da política, partidos e sistema.

É por causa disso, que se continua também ignorando os ensinamentos das experiências políticas, para ficar no período mais recente, da Primavera Árabe, Occupy Wall Street, Grécia, França, Itália e demais países da Europa, Chile, Venezuela, Cuba, Estados Unidos, BRICS e do próprio Brasil, que deram e continuam dando n’água.

Os ensinamentos dessas experiências indicam que a política e seus partidos fracassaram. Suas ideias do passado não foram revistas e transformadas. Tornaram-se, portanto, incapazes de construir uma nova visão crítica à altura dos desafios da crise atual do colapso patriarcal capitalista, socioambiental e do sujeito. Sem essa crítica não tinham como perceber o novo modo de produção do capitalismo. Não tinham como dimensionar o aspecto central da contradição do capital que é entre o conteúdo material da produção e a forma imposta pela valorização do dinheiro.

Maravilharam-se com as novas forças produtivas da microeletrônica. Mas se revelaram despreparados quando elas escancararam o seu verdadeiro potencial de crise. Pois, pela 1ª vez na história, a riqueza material é produzida mais pelo emprego tecnológico da ciência do que pelo dispêndio do trabalho humano. O capitalismo, por causa da concorrência entre os capitalistas, levou essa produtividade ao infinito. Com isso, acabou produzindo uma drástica redução do trabalho e, portanto, do valor (que se expressa no dinheiro) e da mais-valia (que se expressa no lucro). Eles estão zerando. Eis aí a subversão capitalista que está derrotando o próprio capitalismo. Isso colocou em jogo a sua capacidade de existência e funcionamento.

Com isso não se tem como negar o agravamento da crise. Ela desnudou a política e a economia não só no Brasil. Mostra como genocida a política de imigração na Europa. A sociedade do trabalho encontra-se sem trabalho e lança milhões no aterro sanitário social. O Estado nacional está para desaparecer. A crise ecológica devasta o planeta. A crise da relação entre os sexos está fora do alcance da política. Os governantes estão prostrados para tentar gerir o caos. Estamos nos deparando com uma regressão humana, etc.

Ao tentar contornar esse colapso com a fuga para frente da financeirização e crédito público, o capitalismo avançou adoidado na sua destruição e autodestruição. Até aqui, vinha provocando o genocídio da humanidade e o ecocídio do planeta. Agora, ameaça de extinção o ser humano e a natureza.

Eis uma questão, entre outras, que nos ajuda a compreender porque os defensores e participantes da política não querem ver, nem falar e nem ouvir sobre o limite interno econômico e limite externo ecológico do sistema. Esses limites caracterizam a crise da fronteira histórica do moderno sistema fetichista produtor de mercadorias. Enfrentá-los e suplantá-los é a tarefa que está colocada para o momento atual.

Essa possibilidade é traduzida também pela ideia nova da crítica radical da crise ao apreciar outros aspectos do papel da política. Em primeiro lugar, ela chama a atenção para o fato de que os méritos e as razões da política tornaram-se arcaicos e reacionários. Política é sujeição. E isto, num momento em que se pode ir para muito além dela.

Em segundo lugar, essa nova ideia mostra que a ação política com suas lutas correspondentes sob a forma capitalista impedem uma saída para o Brasil, a Humanidade e o Planeta. Eis a razão para a tentativa de conter os novos movimentos sociais que buscam a ruptura categorial com o capitalismo.

Em terceiro lugar, enfatiza que a política é uma regulação social que nos empurra para a construção da subjetividade da concorrência patriarcal burguesa. E isso dificulta a tomada de consciência das pessoas. Os participantes da política querem que a política continue sendo considerada natural. Fazem de tudo para negar que ela é uma construção histórica.

Em seguida, a ideia nova da crítica radical da crise alerta que a democracia é a forma mais apropriada à sociedade da política, ou seja, à sociedade capitalista e, portanto, a outra face do capital, e não o seu contrário. Em razão disso constitui a submissão completa do ser humano à lógica sem sujeito do dinheiro.

Finalmente, a política não tem meios autônomos de intervenção. Para resolver qualquer coisa ela precisa sempre de dinheiro numa relação de dependência à economia. Como a economia está em derrocada, a política perdeu sua razão de ser. Não é mais solução. Não tem mais nada a nos oferecer a não ser a condição de prisioneiros da administração democrática da barbárie com sua corrupção generalizada, sua degradação, sua decomposição ética e sua subordinação ao dinheiro. Em razão disso, falar em golpe, impeachment, novas eleições, constituinte, democracia, etc., independentemente da vontade de quem quer seja, visa a manutenção do sistema que não tem como continuar a existir sem comprometer a vida humana e a natureza.

Portanto, através da política não vamos transformar a sociedade. Ou seja, a deusa política, ao se deparar com a crise categorial do sistema, já não pode salvar nem a si mesma. Daí a nossa proposta IMPEACHMENT DA POLÍTICA! Em lugar da política, construir espaços emancipatórios para uma vida muito além do capitalismo! Para que as relações entre as pessoas sejam diretas. Para que o dinheiro não comande a relação social. Para que se produza coletivamente e se compartilhe os frutos. Aqui se luta, contesta e afirma. Aqui se elimina a representação. Aqui o ser humano conquista o livre arbítrio. Afirma a sua vontade antipolítica. Constrói-se como antissujeito autônomo, consciente e livre. Aposta na organização de um novo movimento social transnacional emancipatório. Rompe com a servidão voluntária ao capitalismo. Uma nova sociedade.

Uma nova relação social. Uma sociedade humanamente diversa. Socialmente igual. Antifetichista. Crítica, fraterna e solidária. Prazerosa no ócio produtivo. Numa nova relação com a natureza, ecologicamente exuberante e bela. Uma sociedade completamente livre. Enfim, a construção de uma vida plena de sentido.

Por tudo isso a vontade consciente dos seres humanos terá importância decisiva na suplantação do moderno sistema fetichista patriarcal produtor de mercadorias.

Amigo e amiga, é de uma extrema felicidade que o criador, o ser humano, tenha agora a dimensão do significado e beleza que é superar a sua criatura, o capitalismo, com sua política, partidos e demais formas objetivas de existência e de pensamento. Afinal, estamos diante da oportunidade histórica de iniciarmos a gestação de uma resposta consequente para a crise atual. Essa ideia nova da crítica radical da crise nos possibilita substituir o amor da servidão pelo desejo, paixão, tesão e criatividade da liberdade e da emancipação.

Grupo Critica Radical de Fortaleza.

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Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
3 Comentários
  • Esta palavra de ordem Contra Golpe é um neologismo criado pelo PT para mobilizar os incautos em um movimento de manutenção do Governo Dilma.

    Na verdade, esta crise política trás no seu bojo uma luta de diversas facções que querem ter o controle total do Estado. Isto é necessário porque é a melhor maneira de que possam efetuar suas políticas de rapina, em um momento de crise econômica que exige uma prática de austeridade e controle centralizado das finanças , na tentativa de gerenciar e equilibrar a economia .Dito de outra forma: trata- se de uma disputa de quem vai gerenciar a barbárie que cada vez mais se torna mais presente !

    Creio que ê um equívoco ficarmos escolhendo quem é o menos pior .Qualquer governo, seja por parte do PT ou de outros partidos terá que seguir o mesmo caminho : centralizar , reprimir, retirar conquistas e implantar um sistema de austeridade, gerenciando sem disperdicio e eficiência. É isto não poderá ser feito em um clima de liberdades democráticas . Não se engane : o Estado de Exceção, no estilo schmittiano é o que se faz necessário e a luta que se trava é a de quem terá a primazia de controla-lo, tendo evidentemente a chave-do-cofre.

    Não podemos nos iludir com miragens. Utilizar conceitos como direita e esquerda nos levará a um beco sem saída pela indefinição destas categorias, imprecisas para visualizar e entender os atores em conflito . PT esquerda ? Láva a Jato direita? Não, não é por aí !

    Existe um golpe em andamento ? Ora, o próprio PT já derrubou um presidente ( Color) utilizando este mecanismo constitucional . O PSDB comprou abertamente deputados, quando deu o golpe da prorrogação do mandat do FHC. Ou seja: a Constituição está aí para ser interpretado e violada ( logicamente dentro da lei )

    Insisto : não podemos nos levar por miragens e jogar o jogo dos inimigos .Nao existe mocinhos neste filme . Os interesses da maioria da população passa à margem desta disputa institucional e sua luta aponta em tentar barrar a política de austeridade que qualquer governante que estiver no poder irá implantar . Ponte para o Futuro ou Lulismo não fará diferença, pois estas políticas estão prisioneiras de uma debacle capitalista que ocorre globalmente . Isto apenas nos dá o tom de uma política que tem que ser abandonada em prol de uma outra lógica : a lógica da emancipação!

    • Caro Arlindenor,
      Concordo plenamente com o caminho de busca da emancipação. Um termo eternizado por Adorno, desde o seu “Erziehung zu Mündigkeit”.
      Porém, esse mesmo Adorno, em 68, foi quem chamou a polícia para o movimento estudantil, quando eles ocuparam a universidade. A justificativa dele era a de que aquele grupo de “baderneiros” não comungava 100% dos ideais revolucionários necessários a derrubada do sistema capitalista.
      A maioria desses alunos se tornou tão profundamente decepcionada com a pessoa do Adorno que deixaram de estudá-lo ou dar-lhe a devida consideração acadêmica. Vários se enredaram para o caminho oposto ao de Adorno.

      Resumo da ópera: por focar somente no que era necessário no longo prazo, ele acabou cortando, no presente, qualquer chance de realização futura do que realmente importava. Adorno decepcionou toda uma geração.

      Não sou “incauto”, pois não nutro nenhuma falsa esperança pelo PT.
      Porém, ao dizer que não existam diferenças entre o PT e os DemoBolsonaristas, você incorre no mesmo erro que o PT: resumir tudo à questão econômica.
      A vida vai além da esfera econômica: temos as religiões, as liberdades individuais, a liberdade sexual, etc.

      Se você me mostrar que o Bolsonaro e o PT têm o mesmo programa para a liberdade sexual ou outras liberdades individuais, eu concordarei com você.

      Porém, isso não é verdade.
      Nessas questões não-econômicas, a pseudo-esquerda do PT ainda está bastante menos ruim do que os fascistas (inclua aí toda a bancada podre ruralista e evangélica).

      Agora, se a vida for só economia, então você está certo: PT e PSDB são administrações idênticas.

      Obviamente que, como disse, não tenho nenhuma falsa esperança de que o PT vá defender uma sociedade antifetichista, crítica, fraterna e solidária, como bem esposado no belo manifesto do Crítica Radical.

      Ocorre que existe diferença sim entre o “péssimo” e o “pior que péssimo”.
      Abraço!

  • É óbvio que o PT e a “esquerda” não farão, muito menos querem fazer o que precisa ser feito. Como diria Marcuse, eles estão “integrados” ao sistema. Eles não querem acabar com a mais-valia ou a apropriação do trabalho alheio ou as indústrias que só poluem ou extraem todos os minerais, devastando a região, ou mesmo o agronegócio destruidor do meio ambiente.
    Dilma já deixou isso claro ao colocar Kátia Abreu no ministério da agricultura: o importante é crescer o PIB, mesmo que seja matando e desmatando…
    A diferença é que o PT quer distribuir de maneira menos ruim a renda gerada por toda essa destruição, ao passo que a direita quer se apropriar sozinha de todo o dinheiro.
    Enfim, é uma questão de dinheiro.
    Porém, por ter uma base de apoio em movimentos sociais, que em geral, defendem o meio ambiente, o PT faz algumas pequenas concessões ambientais de vez em quando. PONTO.

    — Tudo farinha do mesmo saco. Ok, vamos acabar com governo e oposição —

    Porém, esse manifesto teria que ser um projeto de longuíssimo prazo. No curtíssimo prazo, o grande risco é de os neoliberais darem o golpe e aplicarem o programa “uma ponte para o futuro”, que deveria se chamar “uma ponte para o inferno”.
    Acabará a reforma agrária, cessarão as demarcações de terras indígenas e deve até vir um Código Florestal Reloaded diminuindo ainda mais as limitações ao agronegócio.

    Nesse contexto, devemos ser CONTRA O GOLPE, pois um pouco menos pior é a pseudoesquerda do que os fascistas como Bolsonaro.
    Esquecemos isso porque estamos há quase 16 anos sob o jugo do PT. Mas lembre-se da época do FHC (caso tenha idade para isso…) em que todo dia vinha uma legislação entreguista, dando algo aos EUA, a aprovação dos transgênicos, etc.
    Com certeza haverá a criminalização dos movimentos sociais.
    Fiquem espertos, se a direita tomar o poder, não sei se poderemos debater como debatemos.
    Há uma grande diferença e muitos de nós não está dando valor a isso.

    Abraço!

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