Sentado, só, nesta cela fria,
vôo pelo espaço.
Guiado por meus pensamentos
tento alcançar o mundo .
Parece-me que daqui, longe dele,
posso compreendê-lo melhor .
Lá fora estão todos, a riqueza,
a miséria .
Aqui estou eu, o confinamento,
a esperança .
Liberdade!!!
Quantas vezes repeti teu nome,
quantas noites chorei por ti!
Liberdade!!!
Quantos poetas falaram-me de ti!
do teu corpo, da tua alma!
Mas, agora,
somente agora, te conheço,
somente agora sei quem és.
Triste sina a minha :
– Lutei, sofri por alguém que na
verdade não conhecia!
Antes, eras uma palavra; talvez
mais,um sentimento.
Antes, eras uma luta; talvez
mais,um ideal.
Triste sina a minha:
– só te conhecer quando de mim
te apartaram.
Hoje, torno a lutar por ti,
novas noites choro por ti .
Mas,
há mais sofrimentos no choro!
Maduro pela tua falta
te conheço melhor .
Um dia estarei nos teus braços
( para te possuir daria a vida,
a existência!) .
Tu és uma obsessão, uma procura
desesperada.
Presídio Hélio Gomes, 1976
Arlindenor
Muito lindo o poema do Arlindenor sobre o amor à liberdade. Parabéns. Amnéris Maroni.